Piedade relacional, um desafio à amizade cristã


Hoje é o ‘Dia do Amigo’. É uma data em que se exalta o valor da amizade, que se rememoram histórias, aventuras, legados. Para muitos, é momento de chorar a perda de gente que foi ‘feito irmão’. Outros optam por lembrar que Cristo é o verdadeiro Amigo.

Penso que já fiz todas essas coisas e certamente, irei caminhar nesses sentidos ainda hoje, em outras publicações. Mas neste texto quero falar sobre um aspecto acerca do qual, apenas os que de fato amam a Cristo, serão capazes de compreender. Desejo versar um pouco sobre marcas distintivas de um relacionamento alicerçado sobre fundamentos cristãos. Permitam-me escrever sobre piedade/santidade relacional.

Amizade numa perspectiva bíblica está muito além de aventuras, passeios, histórias para contar. Na ótica da Escritura, os relacionamentos dos remidos do Senhor, devem ser marcados pela piedade, pela santidade e pelo imenso interesse em promover a Glória do Senhor em todos os aspectos e momentos.

Por isso, defendo que a amizade, na perspectiva da piedade bíblica carece evidenciar sentimentos e posturas como amor, encorajamento, transparência, comunhão, gratidão, respeito, ética, verdade, compaixão e tantos outros; mas acima de tudo, a amizade pautada pela Palavra é manifesta pelo mais sincero desejo de promover, no relacionamento, e através dele, a glória do Senhor; e isso, por meio de um amor alicerçado no Deus que é Amor.

Paulo diz coisas muito importantes aos crentes de Filipos: “Se há, pois, alguma exortação em Cristo, alguma consolação de amor, alguma comunhão do Espírito, se há entranhados afetos e misericórdias, completai a minha alegria, de modo que penseis a mesma coisa, tenhais o mesmo amor, sejais unidos de alma, tendo o mesmo sentimento. Nada façais por partidarismo ou vanglória, mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a si mesmo. Não tenha cada um em vista o que é propriamente seu, senão também cada qual o que é dos outros.”  Filipenses 2:1-4.

Sinceramente, não consigo conceber uma amizade cristã, que não esteja pautada em anseios que não sejam escravos das verdades, acerca da missão do crente: A GLÓRIA DE DEUS!

Penso que, quando pessoas que amam ao Senhor, estabelecem relações com outras pessoas, que têm o mesmo sentimento, não pode haver espaço para fofocas, diz-que-me-disse, boatos, mentiras, calúnias. Aliás, a Escritura afirma que Seis coisas o Senhor aborrece, e a sétima a sua alma abomina: olhos altivos, língua mentirosa, mãos que derramam sangue inocente, coração que trama projetos iníquos, pés que se apressam a correr para o mal, testemunha falsa que profere mentiras e o que semeia contendas entre irmãos”. (Provérbios 6:16-19).

Uma amizade pautada pela piedade, não permite ingratidão, falta de compaixão, de cuidado, de zelo. Amigos em Cristo não devem se permitir ser presos nas teias ardilosas do interesse impróprio, do egoísmo, do oportunismo ou de quaisquer posturas e sentimentos alheios ao caráter de Deus. Aliás, a ingratidão é a ‘a morte de qualquer amizade’. O ingrato é infeliz, egoísta e completamente incapaz de ter no coração a disposição que Paulo recomenda aos crentes filipenses. Ele jamais terá em mente o ‘bem do outro’. O ingrato é egoísta, ensimesmado, interesseiro e, consequentemente, injusto.

Mas, a grande verdade é que eu e, certamente, você, já decepcionamos e ou fomos decepcionados em relacionamentos de amizade. Sim, por mais que amemos a Cristo, que desejemos viver para Sua Glória e queiramos fazer isso evidenciado também em nossos relacionamentos com irmãos/amigos, ainda somos pecadores miseráveis, incapazes de retidão total, de transparência e gratidão absolutas. Ainda somos egoístas, limitados, injustos. Carregamos em nós as marcas da queda de Adão. Queda que nos derrubou mortalmente.

O grande desafio à piedade relacional é que, cada um de nós, seja capaz de andar em relacionamentos, não segundo as marcas da queda, mas conforme o ‘novo homem’, nascido em Cristo e n’Ele, feito nova criatura (2Co 5.17). Apenas no verdadeiro Amigo, que na cruz se deu por nos amar e para nos salvar, é que poderemos ser amigos gratos, leais, solidários e verdadeiros.

Cristo é o modelo de uma amizade piedosa, santa, sacrificial. Cristo É Deus. É o Verbo encarnado que se deu, para que nós não fossemos apenas servos, mas amigos.

Olhemos para o exemplo d’Ele sejamos de fato amigos!

 

Um abraço afetuoso!


Rev. Ricardo Jorge Pereira
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