Contra o ‘conservadorismo’ hipócrita e por uma Igreja radicalmente conservadora

Imagem: Pixabay

A sociedade brasileira é ‘conservadora’. Sem dúvida essa é uma das mentiras mais ‘acreditadas’ nos dias atuais. O tal ‘conservadorismo’ que muito se apregoa, tanto pela mídia relativista e ‘antiigreja’, quanto pelos pretensos ‘conservadores’, cuja consistência é semelhante ao caldo de batata, existe apenas no que diz respeito à ‘moral’ religiosa, e à imposição de obediência a líderes eclesiásticos, sejam eles dignos ou não.

Essa distorção bíblica nasce no universo religioso e reverbera por causa dos tais beijos gays nas novelas da Rede Globo ou em virtude de uma querela política, na qual a Igreja de Cristo, em minha opinião, não deveria tomar parte. Ao menos não como tem ocorrido; ora como braço de um lado, ora como mão de outro. Anteriormente escrevi sobre essa postura ‘politicalizada’ de muitos. Leia aqui.  

O ‘conservadorismo’ cristão brasileiro é hipócrita, age por conveniência, é manco em suas pelejas, é frágil e não preserva as raízes na Palavra, porém, fincou tentáculos em um tradicionalismo eclesiástico (não necessariamente litúrgico, mas organizacional/político, altamente interesseiro e obstinado por poder e por uma glória transitória) enfadonho, inoperante e desprovido de essência bíblico-reformada. Na verdade, ele nada mais é, que um conjunto de normas sem graça, sem amor, sem qualquer sinal de piedade; e marcado pelo conhecimento absurdamente superficial da Lei de Deus.

Esse ‘conservadorismo de guerrilha’, que se sustenta disparando ataques constantes contra a escolha sexual das pessoas não representa o que de fato a Escritura ensina sobre combate ao pecado. Percebam que não estou, sob hipótese alguma, dizendo que a verdade acerca das escolhas pecaminosas devam ser deixadas de lado, ao contrário, desejo que preguemos aberta e claramente contra toda sorte de pecado. Asseveremos que o Senhor condena o homossexualismo, mas também odeia o adultério, a mentira, a fofoca, a intriga, a inveja, a liderança eclesiástica ímpia e tudo mais que está contra seu caráter santo.

Todo pecado é condenável e condenado na Escritura. Nesse sentido, a pregação é generalizadora. Todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus (Romanos 3.10). Todos e não apenas os homossexuais. Os adúlteros, os idólatras, os vendilhões da fé, os líderes opressores/dominadores do rebanho, os pedófilos, os das pequenas mentiras, os dos pecadinhos ‘aceitáveis’, enfim, TODOS!

Por certo que o tal combate em favor da verdade bíblica, nalguns momentos, precisa deixar claro, de modo mais enfático que algumas práticas e escolhas, amplamente aceitas e tidas como normais, são pecaminosas aos olhos do Senhor Deus. Sob este aspecto, a Igreja deve posicionar-se clara, bíblica, profética e pastoralmente. Mas quando, simplesmente resolvemos atacar insistentemente uma única coisa, conseguimos atrair antipatia aos nossos discursos e simpatia àquilo que denunciamos. Ou seja, agimos como propagandistas do pecado que devemos combater

Lembro que nos anos 90, minha mãe queria proibir a gente de ver a novela VAMP, porque o Papa João Paulo II, supostamente, teria dito que a peça era diabólica. Agora, os ‘vampiros’, são os homossexuais. Já os adolescentes ‘transantes’, os padrastos e madrastas criminosos, os adúlteros, os ardilosos, os mentirosos, manipuladores e tantos outros ‘pecadores aceitáveis’, são anjos das mais santas cúpulas celestiais. A Bíblia chama isso de hipocrisia!

Falar sobre os beijos gays dá ‘ibope’ aos ‘pregadores da gospelândia’, aos ‘paladinos da justiça’. Fazer vídeo combatendo ou defendendo esse ou aquele político, e isso em nome de Deus, rende curtida, compartilhamento e comentário (além de vantagen$$$ para alguns). Por que não ‘descemos o sarrafo’ na pedofilia? Na comercialização da fé? Nas falsas unções? Na politicagem eclesiástica?  Na venda de votos das igrejas, que são tratadas como currais pelos líderes bandidos? _(este é um pecado em evidência. Não importa se de esquerda ou de direita, o que tem de ‘pastor’, ‘vendendo’ rebanho de ‘porteira fechada’, para político, não está no gibi’)_. Vamos agir como boca de Deus mesmo ou ficar com essa hipocrisia pra ‘tradicionalista’ ver?

O ‘conservadorismo cristão’ brasileiro é hipócrita e abre mão de ser boca de Deus, pois resolve ser, nada mais, que um movimento tagarela, preconceituoso, incoerente, insensível e vil. O ‘conservadorismo cristão’ tem aberto mão de ser voz de Deus para essa nação. É urgente mudar de postura, aprender com Jesus, diante das adúlteras (João 4 e 8), e de Zaqueu (Lucas 19). É necessário entender que pregar contra o pecado não é um ataque pessoal, de humilhação e preconceito. Assim, como não é um programa de inclusão de pecadores sem arrependimento.

Os mais ‘atacados’ nos discursos de Jesus (Se querem nivelar) foram os ‘conservadores’ da época. Eles se diziam ‘defensores da verdade’, mas eram hipócritas e agiam contra a Verdade revelada (dá uma lida em Matheus 23).

MINHA CONVICÇÃO E COMPROMISSO

Sou pecador miserável, nasci em condenação, fui solapado pelo Cristo da Cruz. Sou perdoado e tento existir para glória d’Ele. Vivo a constante luta entre o que Ele quer de mim e o que minha vontade pecaminosa quer. Peco, desagrado a Deus, despedaço-me em arrependimento e vergonha pelo que sou, mas encho-me de alegria pela convicção de que Aquele que começou a boa obra irá completá-la até o Dia da maravilhosa vinda de Cristo. Lembro que embora pecador, sou remido pelo precioso sangue do Cordeiro, justificado pelo Santo que não me pode perder, e, exatamente por isso, nada me separará de seu amor irrevogável. Escrevendo aos Romanos, nos capítulos 7 e 8, Paulo ilustra bem a vida de todo pecador remido.

Vivo sob a esperança da vinda do Grande Rei. Busco santificar-me, mortificando diariamente este vil pecador que habita em mim, para que se faça fortalecido o novo homem, segundo o que o Senhor requer (Colossenses 3.10).  

Essa convicção faz com que queira ser, de fato, voz profética e falar contra o PECADO, mas não me concede o direito de escolher ‘inimigos’, pecados especiais ou de taxar pessoas de mais merecedoras do inferno ou do perdão (até porque ninguém merece o perdão, se o merecesse, seria recompensa). Meu desafio é anunciar todo desígnio do Senhor e pregar o Reino de Deus, que já chegou em Cristo.

UM APELO: SEJAMOS CONSERVADORES! SEJAMOS RADICAIS!

O Brasil carece de uma Igreja bíblica, com raízes firmadas em Cristo, erigida sobre o firme fundamento dos apóstolos, confirmada por uma postura ética, moral e espiritual condizente com a verdade do Evangelho do Grande Rei.

Pastores, é tempo de nos levantemos como vozes proféticas, com coragem de chamar de pecado tudo aquilo que a Escritura assim define. É urgente que sejamos pautados pela piedade, pelo amor ao Senhor e pelo imenso desejo de anunciar a Santa Escritura, como único meio, pelo qual, os pecadores serão solapados do lamaçal de pecados e feitos novas criaturas.

Há sim, um conservadorismo radical, bem fundamentado e profundamente bíblico em muitos púlpitos brasileiros. Existem homens de Deus anunciando apaixonada e fielmente a preciosa verdade do Evangelho. E isso, sem floreios, sem ‘showzinho’ pessoal e sem um obstinado desejo de glória para si. É urgente que a Igreja os ouça. É inegável a constatação de que precisamos fazer reverberar as vozes, verdadeiramente conservadoras na Igreja brasileira.

Perceba que fiz questão de falar de ‘conservadorismo radical’. Sim, creio que o conservadorismo só é verdadeiro se for radicalmente fincando na Escritura, caso contrário, será apenas rigor acético, religiosidade fria, sem vida, sem amor e sem alegria. 

Uma Igreja biblicamente conservadora vive para a Glória de Deus. Ela é marcada pela fiel pregação da verdade, pela comunhão em amor e pela inesgotável esperança. Esta última é o combustível que mantém a noiva vigilante. A esperança conservadora é a firme convicção de que Ele fará. Ele já fez!

 

Um abraço afetuoso!

 

Rev. Ricardo Jorge Pereira
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