Por
favor, leia 1 Ts 4.13-18
O mundo está acuado,
amedrontado, devastado pelo pavor da morte. A pandemia do covid-19 tem
provocado mortes e um terror absoluto toma conta das pessoas. O medo de morrer
tem feito com que a humanidade se torne inebriada pelo desespero pela dor.
Mas uma coisa me
assusta muito em meio a este caos. Algo aterroriza por demais meu coração e me
pesa o peito em uma angústia indizível. Mais do que qualquer outra coisa, o
medo da morte por parte de quem afirma crer no Deus da vida é algo que dilacera
o coração. Antes que você pense mal, deixo claro que não faço coro com os que
negam a força da doença e sua capacidade mortandade (embora entenda que
até a morte foi ‘politicalizada’ nesse país sem rumo). Mas me assusta
que crentes em Cristo sejam tão sem esperança quanto muitas pessoas que não
amam ao Senhor.
O problema de um
‘cristianismo sem esperança’ foi combatido pelo apóstolo Paulo quando escreveu
aos cristãos de Tessalônica. A cidade estava imersa em uma sociedade pagã.
Havia um total clima de desespero com relação ao que aconteceria após a
morte. E esse desespero parecia tomar conta da mente de muitas pessoas que
haviam experimentando o novo nascimento em Cristo.
Para evitar que o
desespero tomasse conta dos cristãos e que com isso, suas vidas se tornassem
amarguradas, infelizes e sem anseio pelo futuro, o apóstolo Paulo traz ao seu
conhecimento algumas verdades que são valiosas para nossos dias e que devem
consolar nosso coração e nortear nossa postura em meio a um momento tão
imensamente delicado e infeliz.
Precisamos
acreditar que aqueles que morreram em Cristo RESSURGIRÃO COM ELE (13 – 15)
- Esta verdade deve encher nosso coração
de esperança, de consolo e refrigério. Aquelas pessoas que amamos e que foram
chamadas ao Encontro com o Senhor, ressurgirão com Ele, no grande e maravilhoso
dia. Paulo está escrevendo não para pagãos, mas para crentes em Jesus, para uma
comunidade de alcançados pela misericórdia do Senhor. O alvo é todo aquele que
professa Cristo como seu Senhor.
O apóstolo quer
combater na igreja de Tessalônica qualquer traço de paganismo, seja ele grego,
estóico, epicureu ou romano. Então ele diz: “Não queremos, porém,
irmãos, que sejais ignorantes com respeito aos que dormem, para não vos
entristecerdes como os demais, que não têm esperança”.
Não queremos que
vocês sejam (sem compreensão) com relação aos que dormem
(repousam). Era comum das culturas da época associar a morte com o
sono. Com relação a morte dos crentes ela é bastante usada na Escritura,
inclusive pelo Senhor Jesus. Mas não com a ideia pagã de um sono da alma.
Vários textos mostram-nos uma consciência no conhecido estado intermediário. O
próprio Paulo deixa isso claro em Fp 1.21-23 “Porquanto, para mim, o
viver é Cristo, e o morrer é lucro. Entretanto, se o viver na carne traz fruto
para o meu trabalho, já não sei o que hei de escolher. Ora, de um e outro lado,
estou constrangido, tendo o desejo de partir e estar com Cristo, o que é incomparavelmente
melhor”.
Pois
se cremos (ah! Cremos) que Jesus morreu e
ressuscitou... Se nossa fé é em um Cristo vivo, ressurreto,
poderoso, glorioso, consequentemente, devemos crer que Deus,
mediante Jesus Cristo, trará em sua companhia os que dormem (repousam). Tenham
eles morrido de covid, de câncer ou de qualquer outro mal. É urgente
que entendamos que para os que amam o Senhor, a morte não é infeliz. Ela não é
o fim. Ela é um dia precioso.
É como se Paulo
estivesse dizendo: Olhem meus amados, se os pagãos não
creem, isso é problema deles, mas nós não seremos entristecidos com essa
dúvida. Devemos ter a constante convicção de que aqueles que dormiram em
Cristo, com Ele ressurgirão! Vocês precisam crer nisso. Os seus mortos
ressuscitarão com Cristo. Anthony Hoekma diz: “Ele voltará para
seus santos em companhia de seus santos”. Precisamos aplicar esta
verdade em nossas vidas neste momento tão assustador. Mais que isto, devemos
anunciar esta pérola do Evangelho, crendo que por meio dela, eleitos de Deus
serão transformados, ainda que em leitos de morte.
A expressão em sua
companhia tem um significado que vai além de simplesmente fazer
ressuscitar. O autor está dizendo que Deus fará com que os santos se
manifestem com Cristo em sua vinda gloriosa. Ah! Queridos, como
precisamos ‘devocionalizar’ isso em nossas vidas!
Devemos
crer também que os que O amam HABITARÃO ETERNAMENTE COM O SENHOR (16 – 18)
- A expressão traduzida aqui como ‘por
sua palavra’ pode significar ‘palavra de comando’ ou ‘ordem gritada’. Esse
é o comando do Senhor aos mortos. Agora mesmo a voz do filho de Deus vivifica
aqueles que se encontram mortos espiritualmente, assim também na Sua volta
gloriosa, Ele dará a ordem e as almas dos redimidos sairão velozmente e se
unirão aos seus corpos, que, restaurados para a vida, ressuscitarão
gloriosamente.
O sonido da trombeta
ouvir-se-á, após a voz do arcanjo. Esse barulho sempre esteve ligado as
teofanias, ao dia do Senhor e da vinda de Cristo e a Ele relacionadas. Isso
Paulo também ensinou aos crentes de Corinto: “... num momento,
num abrir e fechar de olhos, ante a última trombeta; porque a trombeta soará, e
os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados. (1Co
15.52).
A
vinda do Senhor será aberta, visível e audível! TODOS verão e ouvirão. É com
grande, clangor de trombeta que será anunciada a chegada do Rei dos reis e
Senhor dos senhores! Ah, queridos e para os que amam a Cristo essa trombeta
ressoará de forma agradável e alegre, ela será o som que anunciará a
concretização histórica dos fatos realizados por Cristo. É o som da
liberdade eterna! Da concretização da esperança! É o som que reúne as ovelhas
do Supremo Pastor diante d’Ele para todo o Sempre. É o som da alegria eterna!
“...Depois, nós, os
que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a
encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor. No precioso
momento da vinda de Cristo todos os crentes mortos em Cristo serão
ressuscitados e os que ainda estiverem vivos serão transformados e
glorificados”.
A expressão
‘encontrar, encontro’ deriva de um termo técnico utilizado no período do Novo
testamento para descrever as boas vindas públicas de uma cidade a um hóspede
ilustre. Normalmente as pessoas saiam às portas para encontrar o visitante e
regressavam com ele.
Na descida de Cristo
dos céus, os que se deram a Ele serão elevados em sua aparição nos ares,
não para permanecer lá ou para dali voltarem para o céu, mas para estarem ao
seu lado quando vier a Terra. Então a ida dos crentes ao encontro com o
Senhor tem o sentido de serem colocados ao lado de Cristo na sua vinda, a
demonstração clara de pertencer a Ele e ser seu povo. Isso é o que Paulo diz ao
Colossenses no capítulo 3.4.
Jesus
Cristo, o Senhor da Igreja, voltará absoluto vitorioso, glorioso e todos
aqueles pelos quais Ele derramou seu precioso sangue encontrarão com o Senhor
nos ares e habitarão eternamente com Ele. Estejamos mortos ou vivos, seremos
todos revestidos de incorruptibilidade.
Queridos, olhemos
para as palavras do Senhor em Mt 24.30-31: “Então, aparecerá no céu
o sinal do Filho do Homem; e todas as tribos da terra se lamentarão e verão o
Filho do Homem vindo sobre as nuvens do céu, com poder e grande glória. E ele
enviará os seus anjos com rijo clamor de trombeta, os quais ajuntarão os seus
escolhidos desde os quatro ventos, de uma à outra extremidade dos céus”.
Amados, Cristo
voltará com poder e grande força e todos os seus escolhidos com ele habitarão
eternamente! Nós iremos ao encontro do Senhor nos ares (portas da Terra
redimida) e voltaremos com Ele para a habitação eterna.
Portanto,
consolai-vos uns aos outros com estas palavras. Essas são as últimas palavras sobre esse assunto.
Olha, em resultado, em consequência de agora estarem cientes do que
acontecerá consolem, animem, encorajem uns aos outros.
Cristo vai voltar e vocês habitarão com Ele.
Seja por covid-19,
por uma bala perdida, um acidente fútil, ou por qualquer outro mal, a morte para
os que amam a Cristo, nunca poderá ser vista fora da ótica da redenção. Por
mais que seja doloroso perder quem amamos, precisamos olhar sob o prisma de
incorruptível esperança do Glorioso Dia de Cristo.
Certamente você
perdeu gente amada nestes dias. Gente que morreu amando a Cristo. Meu sincero
desejo é que as palavras de Paulo lhe sejam consolo, refrigério e esperança. Há
uma canção belíssima do grupo Logos que fala do anseio pelo encontro triunfal.
Em um trecho o poeta canta sobre rever amigos que um dia em Cristo foram feitos
irmãos, pois bem, eis uma certeza que tenho sobre os que amo e partiram em
Cristo: eu os verei e com eles desfrutarei eternamente da presença do nosso
Salvador!
Por fim, se eu morrer
de covid, de câncer, de um acidente. Se eu morrer aos 41 ou aos 100, não
importa. Estarei indo pra Casa. E você, para onde vai?
Que Jesus, o Senhor
da vida e sobre a morte, nos console e que possamos viver mediante a esperança
que suplanta a dor
Um
abraço afetuoso!
Rev.
Ricardo Jorge Pereira
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