A cidade carece de ‘pastores antigos’

 

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Por favor leia (1Pedro 5.1-4, 1Coríntios 9.13,14, 1Timóteo 5.17,17, Jr 1.4-10; Gl 4.19 e vários outros textos bíblicos que tratam sobre pastoreio).

Vivemos tempos difíceis, incertos e dolorosos. Muitas vezes vemo-nos perdidos entre teorias, conceitos, correntes e ideologias das mais variadas. Há um clima de desconfiança e medo com tudo, por tudo e com quase todos. É exatamente neste contexto que se evidencia ainda mais uma verdade que o é, não apenas hoje, mas que sempre será, até a vinda de Cristo. A cidade carece de ‘pastores antigos’.

Talvez você pense que estou me referindo a idade. Não, não estou, embora certamente entre os mais velhos encontremos mais ‘pastores antigos’. Ao ler minhas palavras você provavelmente ponderará que carecemos na verdade, de pastores clássicos, mas depois, com a leitura, espero que que veja doutra forma.  

Em meio ao pânico que vivenciamos, diante do ativismo do mundo que ‘anda’, muda e se transforma numa velocidade inexplicável, a cidade não precisa de animadores de auditório, de pastores ‘descolados’, renomados, famosinhos, ou de amigos dos políticos e do poder. Ela não necessita de gerentes de igreja, ou mesmo de construtores e reformadores de templos; muito menos de coach, ‘profetas’ da autoajuda ou qualquer coisa desse tipo.

A Igreja da cidade precisa mais do que nunca, de pastores que discipulam, que visitam, que se preocupam; homens quem tomam para si as dores e lutas das ovelhas de Cristo como se fossem suas, afinal de contas, para isto foram chamados. Pastores são chamados para a compaixão!

Pastores não são chamados para aplausos, glórias, poder! Pastores são convocados a cuidar, amar, alimentar (pela pregação fiel da Santa Palavra) e zelar pelo Rebanho do Supremo Pastor. Isto não é algo negociávelSe com você não é assim, reavalie seu ministério, reflita se de fato há ministério.

A cidade ativista, ansiosa e veloz, precisa de homens que desacelerem; homens que sentem pra tomar um café, enquanto pacientemente ouvem sobre as lutas, as dores e as aflições de um povo que padece em um mundo caído e desprovido de bondade, esperança e amor. Homens que não estão ocupados para levar Ceia aos que não podem ir ao templo, ou para visitar e acolher os inquietos de coração. Pastores antigos são instrumentos de calmaria, refrigério e paz!

Os filhos da Igreja da cidade estão ávidos por pastores que os chamem pelo nome, que sintam sua falta quando não vão ao culto, que conheçam seus sonhos, que parem com eles para falar sobre projeto de vida, sobre amizades, amores e principalmente sobre o Amor que os une.

A cidade é carente de homens cujo amor a Escritura e ao Deus da Santa Palavra, os faça amar indizivelmente a Igreja do Cordeiro. E esse amor é evidenciado em visitação, acompanhamento, diálogo, disciplina, relacionamento pastoral. Pastorear é amor em ação, promovendo transformação, crescimento e fortalecimento.

O ‘pastor antigo’ é alguém confiável, leal, presente e constante. Ele não está preocupado com números, com dados. As estatísticas e relatórios, embora tenham seu lugar de importância, não lhe enchem os olhos, não lhe seduzem ou devastam a alma. Seu coração é movido pelo desejo de ver gente amando a Cristo e tendo a vida satisfeita n’Ele. Ele ama ovelha, tem cheiro de ovelha e cuida do Rebanho de Cristo com amor, zelo, perdão e dedicação inexplicáveis. 

‘Pastores antigos’ são homens cujo coração anseia pelo privilégio de amar os ‘inamáveis’, de cuidar de quem não cuida de si mesmo, de acolher aqueles que ninguém mais acolheria, de acreditar que Deus pode mudar a realidade de gente para quem todos viraram as costas. E isso sem esperar nada, além da satisfação em Cristo. Você já experimentou isso meu irmão?

Que Deus me livre da gerência eclesiástica, do amor ao poder, dos aplausos, das honrarias, da pompa e da circunstância (Ele sabe o quanto isso já me seduziu).  Que o Senhor me guarde de ser animador de plateia, um pastor descolado, um dominador do Rebanho, enfim, que o Supremo Pastor não permita que eu seja o que minha natureza pecaminosa me conduziria a ser.

Eu quero apenas ser um ‘pastor antigo’ e seguir amando, guiando, ensinando, pregando e orando pelo Rebanho que é de Cristo. Quero ser amigo presente e constante. Quero ser ‘pai’, conselheiro, companheiro, encorajador das ovelhas por quem Cristo verteu seu precioso sangue.  Quero ser pastor nos moldes que sou pastoreado até hoje pelo meu ‘pastor antigo’, com amor, amizade, cuidado e graça. Se o Senhor me conceder a graça de ser assim, serei aquilo para o qual Ele me chamou, serei pastor!

  

Rev. Ricardo Jorge Pereira
Pastor da Igreja de Cristo, servindo na IPB

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