Nos próximos dias completarei 12 anos de ordenação ao
ministério pastoral. Mais precisamente
no dia 03 de fevereiro. Nesse período vivenciei muitas coisas, cometi erros,
soltei o ‘arado’ por alguns instantes, sofri um bocado em consequência dos meus
pecados, também em virtude dos meus posicionamentos e princípios, até pelo
pecado e ou talvez por alguma perseguição de algozes, mas isso nem importa.
A experiência nesse curto tempo de ministério, o relacionamento com as pessoas,
as alegrias, decepções, tristezas, os concílios, enfim, tudo que tenho vivido
nos últimos anos têm forjado em minha mente alguns pensamentos,
posicionamentos, decisões e firmes convicções que certamente marcarão o
‘compasso’ da minha vida ministerial agora e nos próximos anos, até que eu vá
ou que Ele venha.
Escrevo esse texto como forma de afixar para mim mesmo,
para minha família, para a Igreja do Senhor e acima de tudo para Deus, as
minhas convicções e compromissos enquanto pastor da Igreja d’Ele.
Anteriormente escrevi algo bem parecido em um texto que
chamei de “DELÍRIOS DE UM JOVEM PASTOR”. Embora muito do que lá está,
esteja aqui também, a peça que hora escrevo é mais pastoral, mais mansa, mais
recheada com a graça que envolve a minha alma e me enche de uma paz jamais
experimentada.
Nos últimos anos como já disse, vivenciei muitas coisas.
O que não disse é que algumas delas foram terríveis, mas sinceramente, já não
têm nenhum ‘poder’ sobre minha alma. Não mais me inquietam o coração, não me
fazem chorar... Delas tirei a experiência, o aprendizado e a certeza de que
apesar de tudo, de todos e principalmente de mim mesmo, O Senhor está comigo!
Nos ‘Delírios de um jovem pastor’, escrevi negações e
afirmações sobre o que entendo ser um pastor. Aqui não falarei das negações.
Quero apenas falar daquilo que afirmo ser biblicamente um ministro do Evangelho,
os seus compromissos e convicções.
As palavras que passo a escrever representam a mais
sincera e devota confissão e compromisso que quero que pautem a cada dia a
minha caminhada como cristão e como pastor.
Leia e confira os textos bíblicos. Só creia se puder
ser comprovado com a ‘voz do Pastor’.
O pastor é um pecador miserável, incapaz de crer sem a
ação transformadora do Espírito Santo de Deus (Romanos 3.10, Efésios
2.1-10, etc). É um pecador que embora redimido, continua sendo imperfeito,
frágil, miserável e carente da graça e bondade de Deus (Romanos 7);
É um ser humano normal (ou não), frágil, limitado, com
vontades, preferências, algumas delas são iguais as suas, outras são
completamente diferentes;.
É alguém que chora, sorri, ama, sente raiva, se magoa,
tem carências, necessidades, medos, angustias... (Veja as cartas de Paulo
e perceberá um pastor com todas as fragilidades de um ser humano qualquer);
O pastor é alguém que vive e deve viver a realidade
presente, tendo o direito de gostar de coisas, práticas, costumes e ambientes
que alguns podem não gostar. Isso é um direito de todos. A Escritura deverá ser
o juiz para a vida dele, assim como para a sua;
Enquanto ministro de Deus, ele é um livre escravo do
Senhor servindo à Sua Igreja, não por uma compensação material, mas pelo
chamado de Deus. Dizer isso não nega o direito ao sustento por parte da Igreja,
apenas esclarece que a motivação não é material (1Pedro 5.1-4, 1Coríntios
9.13,14, 1Timóteo 5.17,17);
O pastor é ‘boca de Deus’. Quando seu pastor
prega a Bíblia fielmente, Deus está falando. E se você rejeita essa voz, não é
o pastor que está sendo rejeitado, mas o PASTOR (Jeremias 1.4-10, veja as
cartas Pastorais de Paulo);
O pastor é um defensor da verdade do Evangelho e
enquanto ‘boca de Deus’, deve pregar todo desígnio de Deus, doa a quem doer
(Atos 20, Romanos 7 e os profetas);
Afirmo com o coração repleto de paz, que o pastor
é alguém que AMA, e só quem é pastor sabe do amor que falo. Amamos quando não
somos amados, oramos quando não nos querem orando, choramos por quem nos fez
chorar, sorrimos quando entristecidos (Galátas 4.19). E não queremos outra
vida, outros sonhos, outro caminho. Somos pastores. Essa é nossa vocação. É o
nosso dom!
Ser pastor é ser amigo (veja o amor de Paulo e sua
amizade com o rebanho, veja o amor do Supremo Pastor).
Uma simples, firme e inegável convicção me faz desejar
caminhar em paz vivenciando a cada dia o ministério para o qual ele me chamou.
“Um dia o Deus que me conheceu antes da fundação do mundo, me consagrou para o
ministério (Efésios 1, Jeremias 1.4-10). Ele me designou para cuidar do Seu rebanho,
do seu povo, dos eleitos, sua Igreja, a Noiva do Cordeiro.
É fascinante saber que ao passo que sou pastor, sou
ovelha, sou parte da Noiva que um dia se encontrará as portas da Cidade com o
Supremo Pastor, o Cordeiro, o Leão da Tribo de Judá.
Por isso posso suave e tranquilamente afirmar alguns
compromissos:
Não serei um animador de auditório que
diz palavras bonitinhas para agradar uma gente que a cada dia se distancia mais
de Deus;
Não dominarei o rebanho ou serei um
inquisidor de uns para agradar a outros;
Não tratarei a Igreja como uma empresa ou
como um circo;
Não vestirei a roupa de super-herói da
Gospelândia, pondo-me como paladino da justiça e solucionador de todas as
causas;
Jamais me postarei com essa ‘santarrice
vil’ do meio evangélico;
Jamais negarei minha podridão moral,
minha pecaminosidade; ao contrário, lutarei diariamente contra ela, buscando
viver em santidade segundo Deus;
Em nenhum momento me porei
como alguém perfeito, mas diariamente lutarei contra o que sou, buscando ser um
cristão autêntico, um adorador, um marido e pai em quem minha família encontre fortaleza, paz, amor, direção e abrigo sempre;
Não serei movido pelo meu próprio ego
ou pelos desejos de pessoas que embora estejam, não são Igreja. Não quero
isso pra mim. Não serei feliz assim!
Quero amar gente, cuidar de gente,
buscar, pregar, brincar, abraçar, exortar. Quero poder ir em busca das
ovelhas do Senhor. Isso é o que me faz feliz.
Quero ser modelo, padrão, amigo, pai...
Quero ser alento, porto seguro, guia...
Quero ser voz profética ao pregar a viva profecia (Escritura)...
Quero ser parte na alegria dos que se alegram, mas também quero chorar com os que choram...
Quero ser parte na alegria dos que se alegram, mas também quero chorar com os que choram...
Por fim, quero ser aquilo que Deus me
quis fazer (Jeremias 1.4-10).
Tenho uma Bíblia, uma vocação e uma convicção: Sou um ninguém chamado pra cuidar de outros 'ninguéns'!
Tenho uma Bíblia, uma vocação e uma convicção: Sou um ninguém chamado pra cuidar de outros 'ninguéns'!
Ricardo
Pereira
Apenas
um pastor!
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