Há algum tempo tenho estado preocupado com o que
vejo acontecendo em nossas igrejas. Nem falo das sandices neopentecostais ou
dos libertinos, nem dos modismos da música gospel. Isso tudo me preocupa,
entristece e muitas vezes enfurece o coração. Mas o que tem tirado
meu sono, me deixado bastante ‘revoltado’ é a postura ou a falta de postura de
alguns ditos reformados.
Preocupa-me que alguns daqueles aqueles que se
postam como detentores da melhor doutrina, como os suprassumos da exegese, os
grandes pregadores expositivos, enfim, a ‘nata’ da teologia brasileira, tenham
uma postura de tanta letargia, inoperância e de certa inércia. Preocupa-me
terrivelmente a enorme falta de relevância presente na Igreja hodierna. Você
pode dizer: “Não é bem assim”. Ao que respondo: “Nalguns momentos e lugares pode
ser bem pior”
Surgem questionamentos que aterrorizam a alma e me
fazem pensar acerca do meu exercício ministerial. Como temos contribuído para a
mudança desse país? Que igreja é essa que permanece letárgica, estática,
inerte? Que respostas são dadas aos questionamentos de um povo que vive da fé,
mas como diz a canção “só não se sabe de fé em que”.
Principalmente agora, nesse contexto de pandemia,
de incerteza, de isolamento social, a pergunta é mais forte e válida que nunca:
QUANDO A IGREJA DARÁ LUGAR A IGREJA?
Dá
vergonha de perceber que muitos daqueles que ‘podiam mudar o mundo’
(parafraseando Cazuza – não se escandalizem) estão mais preocupados com cargos,
honras, posições, fama e agora com seguidores, compartilhamentos e aplausos. A cabeça então fervilha com o
questionamento: Como posso ser pastor, servo do Senhor e comungar com estruturas,
escolhas e posturas totalmente contrárias ao caráter do Deus a quem servimos?
O cenário é terrível! Dói ver pastores que a si
mesmo se apascentam, homens vis que espalham suas sujidades fazendo sofrer o
povo de Deus (Leia Judas). É avassalador ao coração de qualquer servo de Deus
ver famílias inteiras sendo espezinhadas por figuras arrogantes e interesseiras
que usam a Igreja para satisfazer suas ambições pessoais.
Causa espanto perceber que tantos indivíduos que se
travestem de pastores são lobos gananciosos que só querem ser pesados à Igreja,
que amam os primeiros lugares, que se esbaldam em títulos, cargos e
poder! Ladrões! Roubam sonhos, esperanças e alegrias de servos fiéis
ao Senhor. Isso é muito maior do que roubar dinheiro.
Evidentemente
o oposto disso existe. O Senhor tem ao longo dos tempos, levantado homens com o
coração pastoral. Servos d’Ele, chamados por Ele e para sua glória, os tem
posto como pastores do Seu Rebanho. E minha mais sincera oração é ser
diariamente um desses pecadores redimidos, chamados para o ministério e que
amam o rebanho e o Senhor das ovelhas. É com esses pastores que quero andar, é
deles que quero ‘beber’, é deles o modelo a seguir.
Quero ser pastor no sentido mais nobre disso. Não busco aplausos, honras, não
aspiro poder, desejo apenas ser amigo, direcionador, disciplinador,
companheiro, servo, líder, pai, presente, constante. Quero poder chegar em
minha casa no final do dia e ter no peito a prazerosa sensação de estar indo
bem na caminhada, que estou sendo um pastor direcionado por Deus. Desejo
chegar ao fim dos meus dias e assim como Paulo dizer que combati o bom combate,
completei a carreira e guardei a fé.
Mas como ser um pastor relevante? Como posso ser combativo com
erro, imbatível com os falsos profetas, inimigo do que Cristo é, e ao mesmo
tempo ser pastor, amigo, protetor do rebanho? Como responder aos anseios de um
povo que nem percebe que não precisa de descarrego, 'reteté', mistérios,
mantras, nem mesmo de um denominacionalismo tolo e sem vida, mas apenas da
graça e da misericórdia de Deus?
Estou certo que a sociedade não carece de meros ‘fazedores
de teologia’. O
mundo precisa de teólogos na prática. As pessoas carecem de uma ação pastoral
da Igreja que não lhes aponta o dedão acusador, mas que lhes estenda uma mão
acolhedora, trate suas feridas, lhes alimente com a verdade; um povo que se
disponha a ouvir pacientemente e responder os questionamentos, ser instrumento
de Deus para sua real transformação de alma e comissionamento como parte da
Igreja do Senhor!
Nalguns momentos na caminhada pastoral sou tomando
por uma triste e ilusória sensação de que ‘estou lutando sozinho’.
Mas ela logo é aliviada pelas palavras do Senhor a Jeremias (Jr 1.8) e pela
convicção de que o Senhor Deus comissionou homens sérios, comprometidos com a
Santa Verdade; servos fiéis que têm lutado incansavelmente na busca por uma
Igreja cristocêntrica, firme, reformada e contextualizada.
Meu mais sincero desejo é viver o ministério como
um desses homens. É
anunciar com verdade e piedade o Desígnio de Deus. É ser instrumento d’Ele,
proclamando e promovendo Sua Glória por meio da minha vida e ministério.
Que Deus, o Supremo Pastor use a mim e aos
muitos outros servos que Ele comissionou para Sua boa obra! Que a Igreja, a
bela Noiva do Cordeiro seja evidenciada em cada comunidade que faz parte da
Igreja. Igreja esta que mesmo em meio a tanta infidelidade permanece fiel,
noiva, desejosa pela vinda do Noivo!
Que nesse tempo de medo, angústia,
aflição; que nesse tempo de desespero e solidão, sejamos luzeiros em meio a
escuridão, sejamos fonte de refrigério, de alento e consolo. Que os sedentos
possam por nós serem guiados Àquele que diz: Vinde a mim os que estais cansados
e sobrecarregados e eu vos aliviarei.
Que sejamos pastores, apenas
pastores!
Pr. Ricardo Jorge Pereira (Caco)
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