Em março de 2011 escrevi esse texto. Hoje dando uma passada aqui no Ortopraxia, entendi que era tempo de falar sobre esse assunto mais uma vez...
Desejo que algumas reflexões sejam promovidas pela leitura tranquila dessa breve pastoral.
Um grande abraço
Outro dia na mesa de um restaurante
ouvi a seguinte pergunta: Ricardo (na verdade fui chamado por um
apelido carinhoso. Apelido esse que somente essa tia e sua filha podem usar.
rsrsrs – censurado) o que vocês
(protestantes) pensam sobre Maria?
Sabe quando alguém faz uma pergunta e
você agradece a Deus pelo privilégio de poder respondê-la? Então, foi assim que
me senti naquele momento. Alguns dias antes eu havia comentado com que
escreveria sobre esse assunto. Tinha agora a oportunidade de “testar” meu texto
e isso enquanto degustava um bom churrasco em companhia de pessoas que amo.
Disse exatamente o que penso. Nada
mais do que a Bíblia diz sobre essa serva abençoada do Senhor. Maria foi sem
dúvida alguma uma jovem (adolescente) muito dependente do Deus de sua vida.
Demonstrou confiança, humildade, mansidão e submissão. Por tudo isso, é sim um
dos maiores ícones da fé cristã.
O anjo vai ao seu encontro e em uma
frase que já diz muito, mas muito mesmo sobre quem é essa moça: Alegra-te,
cheia de graça, o Senhor está contigo! (Lucas 1.28). Nossa que
afirmação magnífica! Imagine-se no lugar dessa garota de aproximadamente 16 a
20 anos. Ela acabara de ouvir que deveria alegrar-se, pois era cheia do favor
não merecido de Deus e que Ele mesmo era com ela. A menina judia mal sabia que
a graça do Senhor sobre sua vida a faria meio pelo qual o Salvador, o Rei dos
reis tornar-se-ia homem (Lucas 1.30).
A menina teve medo, mas logo recebeu
do anjo palavras que certamente começaram a encher seu coração de paz.
Ela seria instrumento pelo qual o Filho do Altíssimo, o herdeiro do trono de
Davi tomaria forma humana (Lucas 1.31,32). Mas o que é fantástico ao ler sobre
o encontro do anjo com Maria é o relato de sua resposta: “Eis aqui a escrava do Senhor. Aconteça
comigo segundo tua palavra”. (Lucas 1.38). Que dependência, disponibilidade! A jovem estava
colocando em risco todos os seus sonhos ao lado de José – afinal de contas como
explicar a gravidez quando ainda não “conhecia” homem algum? Como dizer para
seu futuro marido, que não o traiu, mas que carregava no ventre uma criança? - O
QUE VOCÊ FARIA NO LUGAR DELA?
Pois bem, penso de Maria exatamente o
que Bíblia me diz sobre ela. E sinceramente, vejo duas “marias” sendo
propagadas por aí e ambas não refletem a humilde serva do Senhor. A primeira é
vista, aclamada e venerada como co-Redentora, uma espécie de quarta pessoa da
divindade. Tem poderes de intercessora, pode fazer milagres, é tão ou em alguns
momentos, mais importante que o próprio Filho. Essa Maria em nada se compara a
jovem humilde, escrava, dependente da graça. Ela é sofisticada, pomposa, tem
vários dias de comemoração especial. É adorada (venerada como alguns dizem –
significa a mesma coisa) em diversos santuários, tem músicas especiais e ainda tem
direito a frases que a colocam em papel imprescindível para a fé cristã. Você
nunca leu TUDO COM JESUS. NADA SEM MARIA?
Pois bem, essa não pode ser a Maria
da Escritura. Não é a moça que cantou: “Minha alma engrandece o SENHOR e
rejubila meu espírito em DEUS, MEU SALVADOR, porque olhou para a
humildade de suaSERVA. Eis que desde agora me chamarão FELIZ todas
as gerações, porque grandes coisas fez em mim o PODEROSO cujo
nome é SANTO. Sua misericórdia passa de geração em geração para os
que o temem.” (Lucas 1. 46-50).
A Maria da Bíblia jamais quereria ser
adorada, pois é uma adoradora. Em momento algum requereria o título de RAINHA, pois se submeteu ao privilégio
de ser ESCRAVA DA GRAÇA sob a mão do PODEROSO.
Essa FELIZ serva do Senhor não precisa ser tida como virgem
eternamente para ter meu respeito e até gratidão. A Escritura registra que ela
teve a BÊNÇÃO DE SER MÃE DE OUTROS FILHOS ALÉM DE JESUS (por favor, leia na sua
Bíblia o evangelho de Marcos 6. 1-3). A Jovem mãe do Jesus não foi concebida
sem pecado (apenas Jesus foi – se houvesse nascido sem pecado seria uma deusa e
a Bíblia não a trata como tal). Ela também não teve seu corpo elevado ao céu (a
Bíblia não diz a forma como ela morreu, mas se houvesse tido tão importante
destino certamente haveria registro).
Há uma segunda “Maria” bastante
difundida. Uma mulher sem virtudes, sem respeito, sem reconhecimento. Essa é
“maria” dos evangélicos. Ela surge como uma espécie de resposta à primeira. REPOSTA MUITO MAL DADA, DIGA-SE DE
PASSAGEM.
Deixar de reconhecer quem foi o essa
mulher extraordinária é não é ser fiel a Bíblia. Os “crentes” são
especialistas em exaltar servas fantásticas como Sara, Rebeca, Raabe e tantas
outras. Isso é muito bom. Mas Maria, a moça dependente do Senhor é posta de
lado. E não vejo dentre servas e servos de Deus, ninguém que como Maria, tenha
evidenciado de forma tão prática o que é submissão ao Senhor.
Maria era sim uma mulher simples,
falível, pecadora. Mas foi sim fundamental na execução dos planos de Deus para
a vida daqueles que seriam salvos por meio de Cristo. O Senhor Deus quis dá a
esta humilde serva o privilégio de ser instrumento nas mãos d´Ele para execução
dos Seus planos. Assim é que deve ser vista, como um exemplo de cristianismo prático.
Mas não como uma “deusa” nem, como uma qualquer, sem papel no Reino de Deus.
Quero muito ser pai de uma menina. E
quando minha pequena nascer quero ensinar-lhe a viver olhando os grandes nomes
da fé e aprendendo deles. Maria a menina corajosa e humilde de Israel é sem
dúvida o maior exemplo de serva de Deus que um pai pode querer ensinar para sua
filha.
Enfim, rejeito as duas “marias”, mas
deleito-me pelo privilégio de ser irmão pelos laços da Cruz da verdadeira
Maria, a Maria da Bíblia a Maria que exalta ao que tem que ser exaltado.
Que o Deus de Maria nos cuide!
Um abraço carinhoso,
Caco,
um irmão de Maria
PS.: Todos os textos bíblicos citados
foram retirados da Bíblia Sagrada co-edição VOZES E SANTUÁRIO (Versão
Católica).
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