Por esses
dias recebi uma notícia muito ruim, algo que me foi dado pelo Senhor Deus, me
foi tirado. Não pretendo discutir sob hipótese alguma. Com relação a isso,
vivo momentos de intensa paz e comunhão diante do Senhor, mesmo em meio a
imensa dor que tal perda me tem causado.
Essa
paz é fruto de alguns entendimentos à luz da Palavra d’Ele. É resultante da
decisão de ADORAR EM MEIO A DOR. O livro de Jó muito tem contribuído para essa
firme decisão. Por isso, quero compartilhar com vocês um pouco do que tenho
aprendido com as experiências de um homem conhecido por sua paciência, integridade,
retidão e fé. Mas que foi meramente religioso e pecador. Que se viu arrasado ao
constatar que a tal “meritocracia”, que a sua justiça pessoal, que suas virtudes de fé, de integridade e tudo mais em qual pudesse estar fiado, não existem diante de
Deus.
Venha
comigo, vamos perceber em Jó que é possível ADORAR EM MEIO A DOR.
Antes
de mencionar a experiência de ADORAR EM MEIO A DOR, deixem-me dizer uma coisa
simples: Satanás só agiu contra Jó porque DEUS MANDOU! Deus é o Senhor de tudo,
inclusive do Diabo, que nada mais é que um “cachorro seguro sob a mão do
Poderoso Dono”. Essa ação limitada promoveu em Jó a maior experiência que um
homem pode ter, o encontro consigo mesmo e com o Senhor de sua vida. Essa convicção é sem dúvida base para adoração e paz meio às mais cruéis dores.
Agora,
dê uma olhada no verso 21 do capítulo 1. Jó recebera as mais avassaladoras
notícias que alguém poderia ouvir. Perdera tudo o que tinha, inclusive os
filhos, maior herança de um homem.
Ele
então bradou que não aceitava aquela situação? Determinou a vitória imediata?
Buscou restituição? Não. Jó adorou em meio a dor! Vejamos três aspectos
fundamentais da adoração no início do "calvário" de Jó.
1. Ele
começou pelo reconhecimento de sua pequenez – 21a
A condição
de se humilhar diante de Deus como fator fundamental à adoração é vista em toda
a Escritura. Veja os casos da Parábola do Fariseu e do Publicano (Lucas 18), nos
profetas que não se consideram dignos de estar diante do Senhor (Veja por
exemplo Isaías 6). No verso 20 Jó humilha-se em uma dor indizível, rasga suas
vestes, raspa a cabeça e adora.
Essa
adoração é marcada pelo reconhecimento de que jamais foi dono de nada. Que
nasceu nu, pobre, sem bens, filhos, honras, poderes. Apenas nu.
Ninguém
pode aproximar-se como adorador sem antes reconhecer que não tem nada que seja
seu. Essa visão gerará antes de mais nada, a sincera gratidão por qualquer
coisa que Deus dê. Promoverá no coração a conformação em meio as maiores
dores e aflições, em momentos de perdas. Afinal de contas, como perder aquilo
que de fato nunca foi nosso?
Bens
não são nossos. Filhos não nos
pertencem. Honras, dons, poderes, aplausos, reconhecimento. Nada é nosso!
2. Ele
reconheceu o Senhor como Doador de tudo – 21b
Jó
diz que o senhor deu. O Senhor tomou. Sim, ele é o Dono. Tudo lhe pertence e
não há nada, absolutamente nada que não esteja sob seu poder, domínio e
direção. Deus não é um velho louco que, cansado da lida, largou tudo nas mãos dos homens e correu
para tirar férias do mundo.
Ele
é o Senhor absoluto de todas as coisas. Governante Soberano de tudo. O Salmo 93
é a perfeita declaração dessa soberania. Reina o Senhor. Revestiu-se de
Majestade! (Glória a Deus!!). No Salmo 24 as portas se abrem para que entre o Rei da Glória. Ele é o Senhor forte e poderoso.
Jó
compreendeu que esse Deus era o Dono de tudo, de seus bens, de suas honras,
reconhecimentos e de seus filhos. Sim, os bens pelos quais trabalhou, a honra
que “conquistou” durante muitos anos de vida, os filhos a quem criara com amor
e ensinando a temer e adorar ao Senhor, nunca pertenceram a Jó e ele
compreendera isso de forma imensamente dolorosa.
Reconhecer
Deus como doador de tudo o que temos gerará a mais completa convicção de que
Ele é na verdade, o dono do que temos e somos. Isso impedirá que sejamos
insubmissos, rebeldes, revoltados conta a vontade do Dono. Promoverá em nossos
corações a sublime e amorosa submissão ante o Trono do Soberano.
3. Ele
bendisse o nome do Senhor – 21c
Reconhecer
a sua condição de “senhor do nada” e a de Deus como “Soberano sobre tudo” fez
com que o humilhado, consternado, dilacerado Jó, pudesse bendizer ao Deus de
sua vida em meio a dor.
O texto
santo diz que ele bendisse ao Senhor. Uma canção pentecostal diz que Jó falou
para todo inferno escutar. Não. O adorador não tem interesse em que mais
ninguém saiba de sua adoração, exceto O ADORADO. Deus, apenas Deus é o foco, o objeto,
o centro da adoração e Jó adorou. Obviamente a adoração promoverá proclamação,
mas o adorador tem interesse fundamental no Senhor, em agradá-lo, em reconhece-lo.
Mesmo
com as perdas, com as dores e lamento, havia um motivo para bendizer e Jó,
apesar de ainda não ter tido um “ápice” nessa relação com Deus (depois
chegaremos lá), pôde prostrar-se como adorador.
Reconhecer
quem somos e que nada temos, promoverá reconhecimento de quem Ele é, o que tem
e o que nos deu. Quando isso acontece somos levados a nos humilhar em constante
gratidão e submissão diante d’Ele. Adoração sem esses elementos é apenas
aparência.
Em meios às dores que vivo nos últimos dias decidi que
não vou atribuir a mais ninguém, exceto ao Senhor os sofrimentos de agora. Sim,
Ele deu e tomou!
Decidi que não vou fazer nada além de me humilhar ante o
Trono da Graça.
Reconheço que não tenho nada.
Reconheço que tudo é d’Ele.
Então bendirei ao Senhor!
Minhas firmes convicções e a imprescindível dependência
de sua bondade e misericórdia levam-me a submeter-me a Sua vontade Soberana,
convicto de quem em tudo Ele coopera para meu bem (Romanos 8.28).
Tenho a plena convicção de que assim como Jó, no tempo
oportuno me alegrarei com o que o Senhor tem preparado e sei que o regresso será em paz, refrigério e tranquilidade, sob a condução do Supremo Pastor.
Por fim: Paz para
adorar. Paz em adorar!
Caco Pereira
Crer. Viver. Compartilhar!
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