Faz um tempinho né? Há dias não escrevo aqui
no ORTOPRAXIA, mas aos poucos tenho sentido vontade de colocar por aqui um
pouco desse meu pensamento meio louco, mas que é fruto de um olhar desafiado a
ser humanista e cristocêntrico.
Recentemente vivemos um frisson total por causa de um caso de adultério que “bombou” nas redes sociais. Era a história de dois jovens que traíram seus esposos em um verdadeiro quarteto amoroso.
Ah! Havia um outro “amigo” na história, um “cinegrafista” que tinha um ar de
promotor, daqueles bem cruéis, um verdadeiro acusador. Isso me lembra alguém
que adora acusar.
De algum modo, todos nós brincamos com a
história. Rimos, compartilhamos charges, vídeos, músicas, memes, enfim, fizemos
o que o pecado acaba tornando inerente aos pecadores que somos, zombamos da
desgraça alheia. Mas nem percebemos que, em grande parte das nossas
brincadeiras, o cara que traia a amizade do outro e o próprio casamento, em
tempo algum era tido como “safado”. Apenas a moça era achincalhada. Era um tal de joga a pedra na Fabíola, joga a pedra na Fabíola, ela é boa para apanhar, ela é boa pra cuspir! Maldita Fabíola (parafraseando aquele que deveria cantar e compor ao invés de fazer política... rsrs - Grande Chico).
Não quero e não vou sob hipótese alguma,
fazer defesa de ninguém aqui. Esse papel é do Cristo que se deu naquela cruz
horrível. Nem serei o acusador de quem quer seja; esse é papel do “promotor implacável” que se parece com um certo “cinegrafista”.
Desejo na verdade, lembrar de como somos
pseudo-conservadores, hipócritas e dissimulados. Agimos com um cristianismo
capenga, reduzido a padrões de cultos, outros ritos e determinações dogmáticas e administrativas. Somos
defensores da religião do mérito, do faça isso e Deus vai amar você. Do, não
toque nisso ou naquilo, pois trará maldição.
Acima de tudo, somos seletivos no que diz
respeito ao pecado. Escolhemos níveis, e mais que isso, somos machistas e preconceituosos na hora
de apontar o dedo acusador e miserável.
O caso “Fabíola” é a perfeita ilustração dessa nossa podre situação de religiosidade sem graça e apartada do amor de Deus. A moça é ridicularizada, tem a vida devastada. E os demais envolvidos? Por que não se menciona o amigo que trai àquele que o tinha como "o melhor"? Por que o marido que quebra a confiança da esposa não é citado com tanta veemência? Ou o amigo que fica parecendo um pregador neopentecostal apontando juízo, por que não se menciona que ele deveria estar ali agindo como apaziguador e não como acusador? Por que? PELO SIMPLES FATOS DE QUE SOMOS HIPÓCRITAS! O homem que trai segue sua natureza, seu instinto e é “perdoável”. A mulher que trai é a pior das mulheres e deve ser execrada.
O caso “Fabíola” é a perfeita ilustração dessa nossa podre situação de religiosidade sem graça e apartada do amor de Deus. A moça é ridicularizada, tem a vida devastada. E os demais envolvidos? Por que não se menciona o amigo que trai àquele que o tinha como "o melhor"? Por que o marido que quebra a confiança da esposa não é citado com tanta veemência? Ou o amigo que fica parecendo um pregador neopentecostal apontando juízo, por que não se menciona que ele deveria estar ali agindo como apaziguador e não como acusador? Por que? PELO SIMPLES FATOS DE QUE SOMOS HIPÓCRITAS! O homem que trai segue sua natureza, seu instinto e é “perdoável”. A mulher que trai é a pior das mulheres e deve ser execrada.
Mas o que Jesus faria nessa situação? Será
que o Deus a quem dizemos festejar nesse mês agiria como nós? Não é que “Fabíola”, "Leandro", "aquele moço acusador" e todos nós, de algum modo já estivemos nessa
situação há alguns milhares de anos?
O evangelho de João (Leia João 8.1ss) diz
que uma mulher também saiu para “fazer as unhas”. Foi descoberta, humilhada,
posta em praça pública e estava prestes a ser condenada, mas o “amante” nem é
citado. Interessante né? Levaram-na para que Jesus dissesse o que fazer com
ela. Obviamente havia outras motivações com relação a ao Filho de Deus nessa história (mas
não pretendo explicar isso agora).
O mestre ao ouvir as acusações, o juízo, os gritos
e acima de tudo, a condenação exigida, “parece concordar com a pena”. Ele diz: “Ei,
façamos assim: Quem não tem pecado atire a primeira pedra”. É como se dissesse
que é justa sua condenação. Sim, o adultério, como qualquer outro pecado é
digno de morte. Então, quem for puro, santo, irrepreensível, intocável pode
atirar a primeira pedra.
Aos poucos, todos foram saindo bem devagar,
desde o mais velho até o mais jovem. Então “Fabíola” ficou sozinha com o único
que poderia atirar todas as pedras. Ele mansamente disse: Ei, ninguém te condenou? Nem eu farei isso, vai lá, segue sua vida e
olhe, não repita isso.
Uma canção para ilustrar o perdão. É apenas isso.
No final das contas, Jesus era não apenas o único com o poder de condenar, ELE É O MARIDO TRAÍDO. Sim, pecar é trair a Deus nessa relação que temos com Ele, e, somente Ele, o marido traído, pode condenar. Ele tem o poder de execrar nossa condição pecaminosa. E o Pai fez isso em Cristo. Em Jesus, naquela cruz tenebrosa todos os pecados de todos aqueles pelos quais o Filho do Homem morreu foram execrados, achincalhados e condenados. Sim, Cristo sofreu o inferno da Cruz para que ninguém atirasse mais “pedras” e bradasse condenação. Nenhuma condenação pode haver para quem está em Cristo. Leia Romanos 8 e a alegria do perdão inundará seu coração.
Jesus não condenou, perdoou, falou sobre
transformação, sobre mudança de vida. A nossa sociedade prefere tratar como
irremediável, imutável. Somos injustos, implacáveis e insensíveis.
Agimos como se fossemos supra santos,
impecáveis, toda vida justos e retos. Mas nada mais somos, que sepulcros vazios,
túmulos caiados. Escondemos dentro de nós as piores mazelas, os pecados vis, as mentiras, os escândalos e tudo aquilo que nos torna "Fabíolas" ou que evidência os "Leandros" que temos em nós. Vivemos
um falso conservadorismo que nos torna juízes dos outros, insensíveis a imensa necessidade
de buscar santificação. E ainda vamos aos cultos e missas, e dizemos que
amamos o próximo. MENTIRA! AMAMOS NOSSO EU e apenas isso.
Quantas e quantas “Fabíolas” temos em nossas
igrejas e na sociedade de modo geral? Quantas pessoas são aprisionadas pela
nossa incapacidade de imitar ao que chamamos de Senhor?
Jesus em seu evangelho nos desafia a amar do
modo que Ele amou, e seu amor entende-se de forma simples pelo fato de que Ele
sendo o justo juiz, resolveu agir como o compassivo e amoroso advogado que
defende-nos do pecado, do Diabo, de nós mesmos e da condenação que merecemos.
Todos nós somos Fabíola e Leandro, todos nós
somos adúlteros na relação com Deus e todos, absolutamente todos que se
humilham diante d’Ele, ouvirão de forma simples: Vocês estão perdoados. Sigam em frente, e não voltem a fazer isso.
Que o Deus dos pecadores nos santifique!
Caco Pereira
tentando ser cristão
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