Você já caminhou com algumas
sacolas de supermercado cheias? Lembra que quanto mais anda, mais pesadas as
elas ficam? Prendem a circulação e deixam uma sensação terrível. E o
interessante é que quanto mais caminhamos com aquele peso, mais distantes
parecemos estar do nosso destino final. Provavelmente
numa dessas caminhadas com peso, alguém chegou, lhe ajudou a levar as sacolas e
aliviou suas dores. Você continuou tendo que caminhar, mas foi mais fácil
prosseguir.
Já leu Mateus 11.28-30? Vamos
ver juntos?
"Venham a mim, todos os que estão cansados
e sobrecarregados, e eu lhes darei descanso. Tomem sobre vocês o meu
jugo e aprendam de mim, pois sou manso e humilde de coração, e vocês
encontrarão descanso para as suas almas. Pois o
meu jugo é suave e o meu fardo é leve".
O povo Judeu era oprimido sob dois aspectos: 1.
Pelo Império Romano que dominava o mundo conhecido. 2. Pelos líderes religiosos
(Fariseus) que impunham sobre a nação pesos difíceis demais de serem
carregados. Acredito que Jesus aqui combate diretamente os pesos “da
religiosidade”.
Nos versos 16-18 o Senhor fala claramente
contra quem particularmente chamo de “Resmungões
da Fé”. Eles simplesmente reclamam de tudo.
Nunca estão satisfeitos e são excelentes acusadores. Em
suma, um povo meramente religioso e de uma religiosidade inquisidora e
insatisfeita. Nada muito diferente dos dias atuais.
Após os versos que já lemos, somos levados a perceber
um “perrengue” entre Jesus e os
fariseus em virtude de uma colheita de cereais feita no sábado, o descanso segundo
a lei de Moisés.
Vamos conversar um pouco sobre esse “convite”...
Parece-me que aqui, Cristo está preocupado em combater o que chamo de “Escravidão da Fé”.
O filho do carpinteiro está convidando seus ouvintes
a pararem de carregar pesos que não fazem parte do que é necessário em sua
caminhada de fé. É como se estivesse dizendo assim: “Ei, sei que vocês já cansaram e
não aguentam mais isso que estão lhes impondo. Eu tenho outras “sacolas”. Venham
comigo. ”
O Senhor se denomina como manso e humilde de
coração. Ou seja, Jesus ia exatamente na
contramão da maior mazela para a vida de um servo de Deus, a RELIGIOSIDADE!
Os religiosos eram arrogantes, soberbos, orgulhosos das suas leis, normas e
tradições antigas. Estavam mais preocupados em impor normas baseadas em suas
interpretações da lei; interpretações totalmente desprovidas de graça e
misericórdia. Por isso eles eram rápidos em condenar, impunham cargas além das
forças e eram cheios de arrogância.
Cristo oferece não uma vida de facilidades, ao
contrário, a Escritura nos convida a viver uma fé que deve estar disposta a ir
da bonança à mais avassaladora tempestade, mas com a convicção real de que Ele
está conosco em todo tempo. O apóstolo Paulo é bastante claro quando falar dos
próprios sofrimentos e da alegria em meio a eles. Veja a Carta aos Filipenses.
Mas apesar dos sofrimentos que poderiam vir, Jesus
chama para uma relação de descanso, refrigério e paz. Costumo dizer que esse
texto é o Salmo 23 do Novo Testamento. Nele somos levados a uma relação de
intimidade com Aquele que é o Alto e Sublime que habita a eternidade, mas que
também é o Pastor Emanoel, o Deus conosco que se relaciona em intimidade com
seus discípulos. Ele não abre mão em tempo algum de ser o que é, mas ao ser Deus
conosco, tem compaixão, sente as nossas dores como se fora dele. Ele as fez
dele! Por isso, pode chorar ao ver a dor de uma viúva que perdera seu único
filho (Lucas 7.11-16). Por isso, mudou a história dela e a nossa.
Provavelmente na sua caminhada fé, pessoas tem
lhe imposto pesos demasiados, proibições, correntes, libertações, acusações,
dízimos dos dízimos, ofertas especiais, tradicionalismo tosco e toda uma gama
de armadilhas que lhe prendem, amedrontam e escravizam às prisões da religiosidade.
Mas
Cristo lhe convoca para uma mudança de rumo, para uma troca de peso, para um
aprendizado novo.
Troque as mazelas, as dores, as falsas
alegrias, o emocionalismo, o tradicionalismo da religiosidade, pela alegria de
viver feliz, por andar com o Cristo que levou sobre si suas dores, por estar na
companhia d’Aquele que não lhe impõe pesos além do que você possa suportar. Ande com o manso e humilde de coração.
Esqueça o que a
religiosidade cheia de ritos, regras separadas da Escritura, ordens, ameaças,
enfim... esqueça tudo isso. Aprenda com Cristo que é manso e humilde de
coração.
Há sim pesos, há sim um discipulado. Ele mesmo
disse: “Quem quiser vir comigo, negue-se a si mesmo, pegue sua cruz e siga-me”
(Mc 8.34). Cristo não oferece um
cristianismo vagabundo de “soluções imediatas”. Ele nos convida para uma vida
de aprendizado e fé. Certamente nessa caminhada seremos moldados, teremos que
fazer escolhas pela mudança de nossa mente (Rm 12.1,2), mas em tempo algum isso
é sujeição aos “senhores da fé”.
Tenha certeza que o grande peso, a grande condenação, a “sacola” mais pesada, aquela que
você não poderia levar, Ele já levou. Ele se deu na Cruz, foi ultrajado, moído,
humilhado para que ninguém mais lhe oprima. Então fuja desesperadamente dos
braços da religiosidade e aninhe-se nas garras da graça. Corra esperançosamente
e como adorador simplesmente adore ao Pastor que é Deus.
Lembra das sacolas pesadas? Os ritos (sejam
quais forem os ramos do cristianismo que você vive), as buscas pelo “sobrenatural”,
o tradicionalismo, as curas, as libertações, as revelações que nada revelam, as
profetadas, as proibições, ordens, as coberturas espirituais, as músicas de
autoajuda gospel, enfim, toda essa “parafernalha” da religiosidade são pesos desgraçadamente
terríveis. Eles dificultam a caminhada, trazem dores à alma e nos afastam do
Cristo que liberta.
Ame a Palavra de Deus. Ela é a verdade. Conheça
a verdade, ela lhe libertará e você realmente será livre. A Bíblia nos
libertará da opressão religiosa.
Ei, vamos caminhar com Cristo? Vamos deixar as
sacolas inúteis?
Que Ele nos cuide!
Caco Pereira
Jogando as sacolas
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