ALÉM DO HORIZONTE



Normalmente sou duro e contundente nas palavras, mas também consigo ser sensível as vezes (só as vezes... risos). Nada me deixa mais maravilhado e sensibilizado do que a contemplação da obra criada pelo Senhor observada calmamente. Por isso, o texto de hoje é uma tentativa de levá-los a contemplar uma das mais belas e fascinantes obras da criação, o MAR (talvez a que melhor expresse a grandeza do Criador). Porém, desejo que o façam vendo-o como uma imensa parábola acerca da ESPERANÇA (parece confuso, mas pode ser encantador...). Faça-me um favor imenso ao ler esse texto: por gentileza imagine o cenário descrito, faça-se personagem, contemple e “devocionalize”.
Era mais um dia comum, Ele ia levá-la ao trabalho como de costume. Mas resolveram parar um pouco e contemplar o mar. Foram ao mirante, ficaram observando um barco bem distante, ouvindo o ruído das grandes águas. Passaram então a conversar sobre a grandeza do mar, o ruído das águas e um dos dois falou sobre o que vem depois do horizonte. Daí a conversa mudou de perspectiva, falaram não mais do mar, mas do Deus que o criou, não mais do horizonte simplesmente geográfico, mas da incapacidade humana de enxergar apenas até onde os olhos podem ver. Então ele disse: - Olhar depois do horizonte é enxergar as bênçãos além do alcance da visão humana limitada – Seus olhos estavam marejados. Eles agora podiam contemplar a grandeza da Esperança que lhes dava prazer em viver.
Essa breve parábola mostra muito da nossa realidade. Nalguns momentos paramos e olhamos o “MAR”, enxergamos nada mais do que está ao alcance dos olhos. Somos temporais, circunstanciais, existenciais. De certa forma, somos social e eclesiasticamente preparados para o agora, para o que é palpável já. Quando pensamos em bênçãos, vislumbramos coisas, acontecimentos, milagres, curas e tudo mais que possa alimentar-nos agora, que preencham os nossos vazios no momento, que satisfaçam nossa miserável esperança no JÁ (1Co15.19). Mas essa é a perspectiva bíblica? Quando olhamos a cosmovisão celestial somos convocados a ser tão transitórios?
A Carta do Espírito Santo aos Hebreus ao comentar a esperança dos heróis da fé (Hebreus 10-12), mostra-nos que sua imensa dignidade, da qual o mundo não era digno dava-se pela ESPERANÇA que tinham. Eles não almejavam a Canaã transitória, não punham suas esperanças naquilo que é perecível. Abraão, Isaque, Jacó, Moisés, Davi e todos os que morreram em Cristo foram ensinados pelo Senhor a viver sob a perspectiva daquilo que está além do alcance dos olhos. Eles aprenderam a olhar aquela cidade cujo arquiteto e fundador é o próprio Deus.
Sabe querido, assim como o casal da nossa parábola, muitas vezes sentamos e vemos barcos, ondas bravias, alguns tsunamis, vemos até onde os olhos deixam, mas não somos capazes de perceber pela fé que além, muito além dos que os olhos alcançam há um futuro imensamente glorioso, eterno, cheio de paz e vida abundante para aqueles que são capazes de olhar para o Autor Consumador de nossa fé. E o nosso imenso desafio como servos do Senhor Deus é ser capazes de não fixar os olhos no que é passageiro, no perecível. Somos convocados a manter nosso foco na Pátria que nos aguarda e não naquilo que irá passar.
Já  vivi algumas dores e vi pessoas sentido dores. Uma delas chorava a perda de um filho, um moço de 35 anos, servo do Senhor. Seu pai olhou e disse: - Pastor, meu filho se acabou. O que dizer nessa hora? Apenas dei-lhe um abraço e disse: Meu irmão, nós dois sabemos que a nossa esperança não perece e por isso temos consolo, ELE ESTÁ BEM. Ele então respondeu: Isso é o que diminui minha dor! Olhar além do horizonte traz paz em meio as maiores dores meus queridos. Enxergar aquilo que os olhos não alcançam deve ser um maravilhoso combustível na vida dos que amam o Senhor.
O apóstolo Paulo foi alguém que aprendeu a viver na perspectiva de quem enxerga muito mais além. Por isso podia dizer que morrer é lucro (Fp 1.21). Exatamente por ser dessa forma, preocupou-se em fazer com que os crentes de Tessalônica fossem capazes de viver com o coração cheio da imperecível esperança (1Ts.13-18) e fossem por ela consolados. Então ele lhes escreveu dizendo que não deveriam ser como aqueles que não tem esperança, ao contrário, suas vidas seria plena de alegria se fossem cheios da certeza de que ressoada a trombeta, ouvida a voz do arcanjo, os mortos em Cristo ressuscitariam e os vivos seriam transformados para que pudessem reinar com o Senhor eternamente. 
Meus queridos, isso está além daquilo que podemos compreender, está muito distante da nossa perspectiva! Nossa mente limitada não consegue assimilar intelectualmente isso. Crer é ver além dos olhos e essa é uma certeza pela qual devemos viver todos os nossos dias.
Sabe irmão espero que você ainda esteja sentado comigo contemplando o mar. Olhe novamente as ondas, elas parecem imensas, veja o tsunami destruidor, perceba que pode haver tubarões... O mar é imenso, mas é tão pequeno, o horizonte é distante, mas é logo ali... O imenso mar é tão diminuto perante a face do CRIADOR... O horizonte reserva algumas surpresas, mas aquele HORIZONTE guarda as mais maravilhosas, imperecíveis e eternas alegrias para os que são capazes de manter-se em todo tempo com os olhos fitos no Autor e Consumador de nossa fé. Sendo assim, pare um pouco de ver as dores, as angústias, as tristezas da vida. Pare de aguardar em homens, não ponha mais sua esperança em qualquer coisa que não seja o Reino do Majestoso. Enxergue além do horizonte, veja aquilo que pelo sangue da NOVA ALIANÇA Ele reservou para todos aqueles por quem se deu na cruz! Viva de hoje em diante decida viver com a perspectiva de quem é capaz de enxergar além...
Deus nos cuide e nos faça ENXERGAR!
Pr. Caco Pereira

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