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Hoje gostaria de compartilhar alguns pensamentos acerca da desgraça de uma Igreja que deixou de viver pela graça ou que a transformou em licença para tornar a Igreja de Cristo em um grande reduto de lixo teológico e de práticas altamente bizarras.
(Essa bela canção do Grupo Logos ilustra bem o que penso e sinto)
Hoje gostaria de compartilhar alguns pensamentos acerca da desgraça de uma Igreja que deixou de viver pela graça ou que a transformou em licença para tornar a Igreja de Cristo em um grande reduto de lixo teológico e de práticas altamente bizarras.
Já vi “todo tipo” de pensamento
teológico e de práticas das comunidades evangélicas e ou ditas protestantes. A
cada encontro com alunos sou surpreendido com coisas do tipo: “Testemunho de
uma senhora que diz ter ido 15 vezes ao inferno e 7 ao céu”, ou histórias sobre
novas unções, determinações de cura, vitórias financeiras, batalhas
espirituais, línguas mais que estranhas, curas, libertações, prodígios, novos
segredos de igrejas que cada vez mais parecem com as religiões gregas de
mistério; ainda ouço crentes dizerem que a cada leitura de uma mesma passagem
da Palavra tem uma nova revelação sobre o sentido do texto, que necessariamente
não é aquele que o autor empregou.
Vez por outra me chamam de cru, de pastor da “Cemiteriana” ou sou
questionado se tenho mesmo o Espírito Santo, enfim, acabo virando o monstro da
história. Pois bem, quero antes de continuar, dizer algo de forma muito clara: CREIO SIM QUE DEUS PODE AGIR EXTRAORDINARIAMENTE EM NOSSOS DIAS das mais diversas formas previstas nas Escrituras Sagradas. Não duvido
de forma alguma do Seu poder. A questão é que as pessoas tornam ordinário e
normativo aquilo é claramente extraordinário. Os homens não perdem a maldita mania de colocar como algo normativo
aquilo que deve ser encarado como experiência pessoal, e essa postura só trás
males para a Igreja.
Tenho aproveitado o tempo em que estou sozinho no carro para ficar ainda
mais na companhia do Senhor que nunca me deixa só. Nesses momentos reflito e coloco
diante d’Ele minhas preocupações. Fico em busca dos fatores causadores dessa
banalização da fé e a cada dia percebo que a única e simples razão é o PECADO. Mas esse nosso inimigo é
multifacetado e “age” de diversas formas. Em todas elas, porém, acontece o que
chamo de mediocrização da graça.
A graça de Deus é uma das mais fantásticas doutrinas da Escritura
Sagrada. Ao estudar essa verdade sou levado a perceber que fui comprado pelo
precioso sangue de Cristo, salvo da condenação eterna, justificado, regenerado,
convertido, em virtude do favor imerecido de Deus para com um pecador
miserável. Mas é muito mais que isso (como se não fosse o bastante). Ela é a verdade que humilha o homem, pois o faz ver-se como de fato é:
pecador miserável, incapaz de realizar um bem espiritual, morto em pecados,
escravo... Enfim, ela mostra-me que não há em mim nenhum mérito sequer, pelo
qual eu possa ser considerado aceitável a Deus. Mas em sua maravilhosa ação a
graça gera a mais indizível alegria em um ser tão imerecedor. O apóstolo Paulo escreveu sobre
isso com simplicidade e beleza fantásticas: “... e estando nós
mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo; pela graça sois
salvos, e, juntamente com ele, nos ressuscitou, e nos fez assentar nos lugares
celestiais em Cristo Jesus; para mostrar, nos séculos vindouros, a suprema
riqueza da sua graça, em bondade para conosco, em Cristo Jesus. Porque pela
graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de
obras, para que ninguém se glorie”(Efésios 2.6-9). Ler esse texto,
reconhecer a incapacidade humana e perceber-se alvo da graça que solapa o
pecador das garras do inferno e o lança aos pés da cruz, dando-lhe vida, enche
o ser da mais sincera alegria, de forma que em seu peito baterá um coração que
não tem outra motivação, senão viver para glorificar aquele que muito nos amou.
Mas o que acontece com a Igreja em nossos dias? Simples! Os homens que
se dizem servos esqueceram-se de quem são (pecadores
miseráveis), agora apoderados do “título” herdeiros se
posicionaram como autoridades sobre o próprio Deus. Não aceitam mais as
enfermidades, afinal de contas, são filhos do Rei! Outros falam “línguas dos
anjos” (não se sabe se dos caídos) em rituais que são
completamente distintos daqueles prescritos pela Palavra. Entendem que podem
fazer isso, afinal de contas são super espirituais, tem intimidade maior com o
“céu”, são mais santos. As curas, milagres, descarregos e
libertações acontecem a gosto do freguês. Mas tudo isso é normal,
afinal de contas, “somos bons”! Temos o direito de decretar a bênção, não aceitar as enfermidades,
estabelecer os cultos como nos agradam, ter os mistérios e as revelações que
nos enchem de orgulho, ouvir as músicas que alimentam nosso egoísmo, nossa
mesquinhez... Temos sim todo o direito, pois somos Herdeiros do Rei.
A igreja dita evangélica está mergulhada num esgoto de lixo teológico e
tem tentado afundar a graça de Deus no meio da lama podre de comunidades
egoístas, formadas por pessoas doentes, cheias das mais purulentas feridas
espirituais, alimentadas por líderes canalhas, covardes, que não cuidam do
povo, não ensinam a viver pelo favor de Deus, compreendendo que nada merecem do
Senhor, mas que a graça lhes basta; que ela vale mais que qualquer outra coisa. O
que é pomposo toma o lugar da simplicidade do evangelho. A prosperidade, as curas e tudo que é “fantástico” rouba o status
daquilo que verdadeiramente é o bastante.
Carecemos urgentemente de pregações acerca da graça que humilha, que
reduz o pecador a sua condição correta: o reconhecimento da incapacidade, a
contrição verdadeira, o pó! Quando isso acontecer a igreja será veramente
alegre, não precisará se apegar ao extraordinário, não correrá em busca dos
charlatões que se dizem super espirituais, apóstolos poderosos, falsos
patriarcas e toda essa corja de bandidos que só “mazelificam” a Igreja e lhes
acrescentam dores
Quando a graça for amada pelo povo de Deus, ele compreenderá que não tem
o direito de exigir nada do Senhor, ou de buscar alegrias, prazeres, motivações
em outros homens ou nos seus “prodígios”... Quando isso acontece a Igreja como
Paulo, aprenderá que A MINHA GRAÇA TE BASTA!!
Que o Deus da graça nos cuide!
Pr. Caco Pereira
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