LIXÃO GOSPEL, DE QUEM É A CULPA?


Ontem entrei no salão para cortar o cabelo e um moço, membro da mesma Igreja Evangélica que o cabeleireiro disse: “Oia, oia!” Eu, com cara de poucos amigos (quem já me viu cansado, chateado sabe bem do estou falando...) olhei sem entender nada.
O rapaz apontou para o aparelho de som e disse: “Oia a música Vaso!”. Tocava algo que não consegui decodificar bem, não sei se pelo cansaço ou pela minha “burrice” espiritual. Apenas sei que aquilo que o menino me mandava “oiar” doeu nos ouvidos e piorou meu estado de espírito.
Hoje cá estou pensando no que escrever, abro minha Bíblia, leio: Ó profundidade da riqueza, tanto da sabedoria como do conhecimento de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis, os seus caminhos! Quem, pois, conheceu a mente do Senhor? Ou quem foi o seu conselheiro? Ou quem primeiro deu a ele para que lhe venha a ser restituído? Porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas. A ele, pois, a glória eternamente. Amém!” (Romanos 11.33-36).
Que belíssimo texto de exaltação ao Senhor Deus. Ler essa majestosa poesia “atiça” minha mente que começa a ferver em questionamentos. O que está acontecendo com a poesia? Por onde anda boa música? O que foi feito com o talento no meio cristão? Onde estão todos?
Não consigo ligar o rádio do carro e escutar por mais de cinco minutos uma rádio dita evangélica. Não dá pra ouvir “remove a minha pedra”, ou “quando eu prego o diabo me bateu” ou os jargões da adoração profética e tantos outros e não ficar quase chorando de indignação diante dessa bagaça existencialista, antropocêntrica e mentirosa da música cantada em nossas Igrejas (inclusive nas históricas). Se fosse possível, meus ouvidos lacrimejariam quando fossem atacados com os jargões doentios da música gospel. NÃO SUPORTO ESSA COISA TOSCA MIADA, CHORADA, GRUNIDA, EMOCIONALISTA, MANIPULADORA E CLARAMENTE COMERCIAL.
Carecemos urgentemente de poesia naquilo que cantamos, precisamos homens e mulheres de Deus, com talentos e dons dedicados a composições de boa poesia, de canções que nos levem ao trono da graça, em adoração sincera ao Rei dos reis e Senhor dos senhores.
Não sou de modo algum um defensor da tese de ritmo santo. Apenas almejo por ouvir e cantar música de qualidade, com fidelidade bíblica e se possível, encaixada na cultura local. Amo ouvir o pé-de-serra do Sal da Terra, também deleito-me nos acordes de João Alexandre e Nelson Bomilcar, consigo ficar em paz e me alegrar coma loucura do Metal Nobre. Na verdade, posso tranquilamente ouvir o que ainda reste de bom de quem já esteve Diante, mas hoje está Distante do Trono.
Infelizmente a música evangélica virou comercial e em nada promove a exaltação ao Senhor Deus. Mas DE QUEM É A CULPA? Quem são os responsáveis por esse cenário tão sombrio? Penso que há três culpados. 1. Pastores; 2. “Cristãos” Artistas; 3. Cristãos “comuns”. Deixem-me ser claro:

1. Pastores são culpados pelo simples fato de que estão preocupados com quaisquer outros assuntos e não com o doutrinamento bíblico das ovelhas que Deus lhes deu para cuidar, alimentar, guiar e amar. Muitos são covardes ou mercenários que preferem calar ante as vontades de pessoas que não amam a Deus, mas que lhes enchem os bolsos de dinheiro. Há ainda pastores que não ensinam porque simplesmente não sabem e não querem aprender. Tem preguiça de ler a Palavra e preferem proferir as mais impensáveis sandices, mas que agradam aos corações doentes.
Seremos culpados pastores se não pregarmos a verdade! Seremos culpados pastores se não estivermos prontos a dilacerar pela Palavra o ego humano, a sua arrogância, e prepotência! Seremos culpados pastores quando não nos dispusermos a pregar com o mais profundo desejo de que as pessoas rendidas ao Soberano, o louvem pelo que ELE É e não pela “barganha da fé”.
2. “Cristãos” Artistas são culpados, não por fazer da música uma profissão e por receberem dinheiro por isso. Creio que é justo que recebam sim. Não vejo menor problema em honrar um músico, afinal de contas eles viverão como?
Mas vocês são culpados quando transformam Deus uma espécie Frankenstein da “Gospelândia”. Um monstro estereotipado que tem diversas “emendas” teológicas e que está sempre pronto a atender aos caprichos ensinados com os pedaços das heresias recolhidas do Lixão Gospel.
São sim responsáveis por se dizerem “Levitas” sem o menor conhecimento de quem eram eles. São sim culpados por não amarem a Escritura e não buscarem reproduzir com fidelidade o que ela ensina.
Artistas, sejam cristãos verdadeiros, parem de colocar “pedras” no caminho da fé e depois evocar a Bíblia como base para suas heresias. Parem reconstruir o véu! Lembrem-se que Cristo já o rasgou na Cruz (um bom artista já cantou isso – honras a João Alexandre).
Não banalizem o evangelho para engordar suas contas. Voltem ao trono, dobrem-se ante o Soberano e o louvem pelo que ELE é, não pela “barganha da fé”.
3. Cristãos “Comuns” são culpados quando não conferem tudo pela Escritura. São responsáveis por “engolir” tudo como se fosse sagrado. Cada servo de Deus é responsável pelo que aceita em sua casa. E quando você meu irmão, recebe sem refletir aquilo que é contrário ao caráter de Deus, torna-se tão culpado quando quem produziu a heresia.
Quando canta algo que deturba um texto bíblico, quando se deleita naquilo e faz disso praticamente uma oração ou confissão de fé, está dizendo a Deus que crê do seu jeito e que Ele tem que agir de acordo com sua crença, não como a Palavra ensina. Cristãos “comuns” parem de se dobrar diante dos ídolos e curvem-se diante do Soberano, louvem-no pelo que ELE É. Não pela “barganha da fé”.
Oro diariamente para que isso mude e creio que mudará quando pastores tiverem coragem de ensinar a Bíblia, quando tivermos mais artistas cristãos sem aspas mesmo e quando os demais crentes forem mais bíblicos.

Que o AQUELE que tem ser louvado pelo que É e não pela barganha da fé nos bendiga!


Um abraço,

Caco, o pastor

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