CRISTÃO E O PODER PÚBLICO?

Faz tempo que não escrevo nada aqui no blog. Confesso que ando sem vontade mesmo. Vejo-me meio repetitivo, tipo como um relógio que sempre repete as mesmas voltas ou como um sino que invariavelmente emite o mesmo som. Cá estou eu aqui, “gritando” feito um louco contra um monte de coisas toscas, ridículas e nocivas ao povo de Deus. Falando em oposição as heresias abraçadas como se fossem o próprio Deus por um povo egoísta, desonesto e ansioso por “bênçãos”
Mas como não tenho vergonha na cara vou escrever aqui e pretendo discutir um pouco sobre uma questão meio complexa (tenho adotado uma teoria de que quem tem vocação é meio sem vergonha – ISSO É UM ELOGIO!). Quero falar sobre o envolvimento de cristãos com o setor público.
Tudo começou quando no meu Facebook questionei sobre a relação com o terceiro setor (ONGs, fundações, associações...). Alguém disse que é preciso não se envolver com o primeiro setor (público). Então pensei: Ixe! Complicou! Trabalho no setor público e tenho parcerias com secretarias municipais na execução de projetos sociais.
Fico bastante bravo quando escuto que crente não deve se envolver com política, com o poder público. A minha pergunta é simples: QUAL A BASE BÍBLICA PARA DIZER ISSO? A resposta é sempre a mesma: é um ambiente corrupto, cheio de armadilhas, gente desonesta! Inevitavelmente penso: A igreja é cheia de gente pura, irretocável, ilibada, onde todos são sinceros, honestos... É sim, a prova disso é a nefasta quantidade de “igrejas”, “ministérios”, “movimentos”, “visões” que estão espalhadas pelo Brasil.

José (Gênesis 41-50) era envolvido com o poder público em sua época? O que dizer de Neemias e Daniel? (Vejas os livros com os nomes dos personagens citados). Ah! Mas naquela época era diferente! Não havia corrupção. Mesmo? Eram todos perfeitos, puros, honestos... Corrupção é corrupção, só muda de endereço, de pessoa e momento histórico.
Não suporto essa postura neurótica que os crentes (leia-se evangélicos) tem ao imaginar que não se contaminar ou não amar as coisas do mundo significa separação geográfica ou total incompatibilidade com tudo que não é “igrejal”.
Quando Jesus prega o famoso “Sermão do Monte” (Mateus 5 - 7) está preparando seus discípulos para viverem em meio a uma sociedade SUJA. Mas não está em hipótese alguma os colocando como supra-santos, como superiores ou “santarrões”. Não somos melhores que ninguém, somos tão sujos, podres, pecadores, miseráveis e IMERECEDORES da graça quando aqueles que não compartilham da mesma fé!

Se acharmos que não devemos nos envolver com TODAS as esferas da vida comum, estaremos abrindo mão de conceitos fundamentais da fé. Negaremos nossa função de transformar a sociedade pela ética bíblica, pelo testemunho cristão. E quando cristãos se omitem do papel de transformadores são culpados de negligenciar parte da sua missão de adoradores.

Creio que é preciso sim ter bastante cuidado no envolvimento com a política porque é um meio corrompido. Mas isso também vale pra medicina, direito, engenharia, contabilidade, educação, enfim, para todas as áreas de atuação. Ah! Vale também para o pastorado (estou dizendo que tem pastor corrupto? Não! Aqui só tem gente reta! Judas, João, Paulo e outros alertaram sobre ter cuidado com figuras “boazinhas”).
O poder público carece da ética bíblica! A sociedade clama por pessoas com conceitos de retidão e justiça. Não precisa de jargões bradados por carregadores Bíblia que se dizem “evangélicos”, mas que negociam seus princípios por favores políticos. É preciso que homens e mulheres decentes se levantem não em nome de bandeira denominacionais ou por interesses pessoais, mas pela prática da justiça, pela eqüidade, por valores dignos do Deus a quem dizem servir.
Em suma minha amiga, cristãos não apenas podem, mas devem sim se envolver nos três setores, não para fazer propaganda religiosa, mas para evidenciando a ética do Reino, promover a glória de Deus e contribuir com idéias justas, para a mudança desse país.

Um abraço carinho,

Caco, o pastor

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