IGUALDADE DESIGUAL

Nos tempos atuais muito se tem falado sobre igualdade. Gostaria de refletir sobre isso. Inicialmente deixo claro que considero impossível discutir sobre alguns assuntos relacionados aos direitos dos indivíduos sem por em voga aquilo que já temos como conceitos pré-determinados. Tenho sim preconceitos, quem não os tem? Tento fazer com que eles sejam elaborados da forma “mais justa possível” (há quem julgue impossível ser assim – isso não é um preconceito?). Vamos lá:
Preciso fazer-lhe uma pergunta meu caro militante dos direitos iguais, na verdade são algumas: Diga-me o que exatamente é a igualdade que você busca? É o direito de que um homossexual tenha um dia especial pelo orgulho de ser gay? Seria proibir os religiosos (sejam quais forem seus credos) de dizerem que, conforme seus livros sagrados (Bíblia Sagrada, Corão, Talmude, Livro de Mórmon, ou, seja lá qual for) o homossexualismo é uma prática pecaminosa? Igualdade é minha esposa ter o “direito” de carregar as sacolas mais pesadas pelo simples fato de que ela é igual a mim? Ela é mesmo? Igualdade seria eu poder processar alguém que me chama de “negão”, mas ele não poder fazer o mesmo quando eu chamá-lo de “branquelo”? Sabe meu caro amigo defensor das cotas raciais nas universidades, eu tenho uma irmã, ela é loira e tem olho verde e não pode pagar uma universidade; eu sou “pardo” (até quem é negro se diz pardo - isso é uma tremenda idiotice), concluí meus estudos em escola pública, e com algum esforço, poderia pagar uma faculdade, mas sabe o que é interessante? A minha irmã que não pode e precisa, não tem como conseguir a vaga, afinal de contas, ela não tem direito a essa “igualdade”, mas eu posso sim, afinal de contas, sou da minoria!
Sou contra essa igualdade desigual pela qual vocês lutam. Sou contra o dia do orgulho gay, ou do orgulho hétero, ou contra o dia internacional da mulher, do homem... Sou preconceituoso? Sou sim... Não suporto essa nivelação medíocre que mede o ser humano pela sua cor (se é preto, é inferior, por isso precisa de cotas), opção sexual, região de nascimento, sexo, religião (se é gay, mulher, nordestino, evangélico é coitadinho e precisa de direitos especiais). Isso sim é o mais vil dos preconceitos.
Sou totalmente contra a homofobia. Ela é malévola, perigosa e satânica. Cada um faz do seu corpo o que quer. Um homem ou uma mulher que tenha desejos contrários aos que eu em minha visão “preconceituosa cristã”, considero errados, tem sim o direito de agir conforme tais desejos. Mas NÃO PODE exigir que eu considere isso normal, quando em minha concepção “preconceituosa cristã” entendo ser essa uma prática contrária ao natural do ser humano. Quero apenas exercer a minha liberdade de discordar disso e poder dizer sem medo de ser amordaçado e jogado numa prisão fétida como um criminoso. Seria bastante interessante a manchete: Em um país em que a constituição diz que todos tem direito de liberdade de expressão, homem é preso por usar seu livre direito de discordar!!
Odeio o feminismo de todas as minhas forças, assim como abomino o machismo com todo o meu ser (essas duas mazelas são gêmeas idênticas). Ambas são posturas (ou movimentos – como queiram) que degradam o ser humano. Um transforma as mulheres em escravas de homens inseguros, infantis e autoritários. O outro quer “libertar” as mulheres desses “reizinhos” idiotas, mas acaba por torná-las inseguras, infantis e autoritárias. Ou seja, ambos “idiotizam” as pessoas.
Não desconsidero a necessidade de lutar contra o machismo (muito mais amplo e cruel), mas o feminismo não é a bandeira a ser erguida. Sou contra homofobia, mas a imposição da aceitação e lei da mordaça não são as soluções. Não agüento frases racistas (sejam de brancos contra negros ou ao contrário), mas cotas e bolsas especiais não dignificam ninguém. Não acredito numa democracia que quer me fazer aceitar como normal aquilo que segundo o que creio e amo é errado! Não posso ser preso por dizer que em minha visão “preconceituosa cristã” uma família normal é aquela formada numa relação heterossexual. Quero apenas ter o direito (que a constituição já me assegura) de dizer que segundo a Bíblia, essa escolha é pecaminosa. Não consigo acreditar nessa “igualdade opressora” pela qual vocês lutam diariamente sem respeitar o direito que o outro tem de poder discordar de vocês. Minha esposa jamais irá carregar a sacola mais pesada. Quer queiram as feministas ou não, ela é a parte mais frágil sim e precisa ser protegida e cuidada por mim. O feminismo e machismo lutam juntos contra o que há de mais belo na relação entre o homem e uma mulher; eles atacam a constante dependência que temos um do outro. Uma mulher que bem saiba jamais quererá essa tal igualdade. Segundo a minha visão “preconceituosa cristã” os direitos naturalmente são bem maiores para as mulheres. Sinceramente, não preciso mudar isso. É evidente que nalguns momentos da história da humanidade foi e ainda é necessária uma luta justa por direitos de igualdade. Martin Luther King e Margarida Maria Alves, dentre tantos, são sim ícones de lutas legítimas. Mas em nossos dias há uma imensa distorção do significado da palavra igualdade. Cotas especiais não dignificam ninguém, elas são apenas pequenos atestados de incompetência de um estado que não é capaz de oferecer uma educação de qualidade para seu povo, e tenta amenizar isso, oferecendo essa nivelação tosca que considera o negro e o índio insuficientes, por isso, lhes assegura entrada especial. Meus Deus, isso é igualdade? Sou cristão e quero ter o mesmo direito que o budista, o hinduísta, o gay, a mulher, o estrangeiro tem. A Igualdade não é assegurar a alguém direitos especiais (quando falo isso, não estou em hipótese alguma deixando de reconhecer a necessidade de direitos especiais para algumas pessoas – deficientes físicos de modo geral, idosos e crianças), é garantir que todo cidadão possa viver com dignidade, segurança e liberdade, sem ter suas opiniões, crenças e escolhas violadas por quem quer que seja e onde esteja. Igualdade não pode ser construída por imposição, ela é uma vitória diária resultante de uma guerra lutada com o escudo de respeito à mão e com a espada da paz. Nenhuma lei pode impor o respeito, ele é resultado dos conceitos adquiridos ao longo da vida.
Bem, é isso que penso, sei que muitos discordam de mim, nem tenho problemas com isso. Cada pessoa pensa como quer e dará contas a Deus de todas as suas posturas e escolhas. Tentei ser suave em meus preconceitos, e por mais acentuados que eles sejam, creio que não fui desrespeitoso com ninguém.
Um abraço carinhoso!!
Pr. Caco,

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